Na contraofensiva, presidente vê base de apoio se dividir na campanha e quer tirar foto com bispos e pastores para demonstrar união
Foto: Renato Santos.
Prestes a se tornar candidato a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin já atua para ajudar o ex-presidente a atrair votos de fiéis insatisfeitos com o governo. Alckmin tem se reunido com líderes evangélicos, na tentativa de quebrar resistências ao petista, e promove agora forte investida sobre uma ala da Assembleia de Deus. Na contraofensiva, o presidente Jair Bolsonaro marcou um café com os 100 principais pastores e bispos do País para 8 de março, no Palácio da Alvorada.
Candidato à reeleição, Bolsonaro tenta reaglutinar uma de suas principais bases de apoio, hoje bastante dividida, e mandar um recado político de que tem a maioria da cúpula das igrejas no momento em que o PT avança sobre esse segmento. A data do encontro com os evangélicos foi escolhida sob medida para se contrapor ao podcast e ao programa de entrevistas que o PT vai lançar nas redes sociais, também em março. As duas iniciativas são destinadas a esse público.
Foram convidados para o café da tarde com o presidente líderes da Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus, Igreja Quadrangular, Renascer em Cristo, Sara Nossa Terra, Fonte da Vida, entre outros.
Alckmin, por sua vez, telefonou no início do mês para Samuel Ferreira, presidente da Assembleia de Deus do Brás, e quer se reunir com ele. Filho do bispo Manoel Ferreira, Samuel também comanda a Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Ministério de Madureira, uma das mais poderosas ramificações da denominação.
Católico fervoroso, Alckmin tem bom relacionamento com a cúpula das principais igrejas desde que era governador e agora procurar fazer a ponte para reaproximar Lula dos evangélicos. Além disso, o ex-tucano vira e mexe se reúne com pastores do "baixo clero" numa padaria do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, transformada numa espécie de escritório da pré-campanha.
Embora ainda esteja sem partido – mas em avançada negociação com o PSB –, Alckmin pode ser fotografado ali toda semana, despachando e ouvindo sugestões para a confecção de um programa de governo.
"Eu sempre vi o Alckmin como um líder importante, mas esse casamento de jacaré com cobra d'água vai fazer com que ele passe toda a campanha se explicando para o eleitorado", disse o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, numa referência à aliança com Lula. "Os dois se atacaram a vida inteira e agora vão virar uma chapa? Isso não dá certo."
Sóstenes é ligado ao pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que apoia Bolsonaro. O deputado assumiu o comando da bancada evangélica no último dia 9, após um racha envolvendo justamente as duas alas da Assembleia de Deus. De um lado estava o Ministério de Madureira e, de outro, a Vitória em Cristo, representada por Malafaia.
A disputa ocorreu por causa da presidência da Frente Parlamentar Evangélica. Após muitas divergências, porém, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), aliado de Samuel Ferreira, deixou o comando da bancada, que reúne quase 200 deputados, e passou o bastão para Sóstenes. Ainda nesta quarta-feira, 16, Sóstenes conseguiu emplacar na direção da frente dois escudeiros do presidente: Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "03", e o amigo Hélio Lopes (PSL-RJ).
Cezinha tem dito que não há qualquer divergência e reafirma o aval a Bolsonaro. Nessa guerra santa, porém, as desconfianças ganham corpo nos bastidores. Além das desavenças na cúpula da Assembleia de Deus, líderes da Universal do Reino de Deus também estão divididos. No Republicanos, partido ligado à Universal, uma ala quer aderir à campanha de Lula, principalmente no Nordeste, enquanto outra se move em direção ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos).
É nesse ambiente que Bolsonaro convocou o encontro com os principais líderes evangélicos do País para tirar uma foto que demonstre união. "O presidente vai prestar contas dos três anos de mandato a um segmento que sempre foi muito leal a ele", observou Sóstenes. "Vejo com bons olhos essa atitude, neste ano eleitoral."
No mês passado, o bispo Abner Ferreira – irmão de Samuel, procurado por Alckmin – alimentou queixas do grupo de Malafaia ao dizer que nenhum candidato a presidente será "demonizado" pela Assembleia de Deus.
"Nenhum pastor tem direito de dizer 'Esse é de Deus e esse é do diabo'. E eu descobri que Deus e o diabo estão em todos os partidos", afirmou Abner, em entrevista. De lá para cá, a briga só piorou.
Prestes a se tornar candidato a vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin já atua para ajudar o ex-presidente a atrair votos de fiéis insatisfeitos com o governo. Alckmin tem se reunido com líderes evangélicos, na tentativa de quebrar resistências ao petista, e promove agora forte investida sobre uma ala da Assembleia de Deus. Na contraofensiva, o presidente Jair Bolsonaro marcou um café com os 100 principais pastores e bispos do País para 8 de março, no Palácio da Alvorada.
Candidato à reeleição, Bolsonaro tenta reaglutinar uma de suas principais bases de apoio, hoje bastante dividida, e mandar um recado político de que tem a maioria da cúpula das igrejas no momento em que o PT avança sobre esse segmento. A data do encontro com os evangélicos foi escolhida sob medida para se contrapor ao podcast e ao programa de entrevistas que o PT vai lançar nas redes sociais, também em março. As duas iniciativas são destinadas a esse público.
Foram convidados para o café da tarde com o presidente líderes da Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus, Igreja Quadrangular, Renascer em Cristo, Sara Nossa Terra, Fonte da Vida, entre outros.
Alckmin, por sua vez, telefonou no início do mês para Samuel Ferreira, presidente da Assembleia de Deus do Brás, e quer se reunir com ele. Filho do bispo Manoel Ferreira, Samuel também comanda a Convenção Nacional das Assembleias de Deus do Ministério de Madureira, uma das mais poderosas ramificações da denominação.
Católico fervoroso, Alckmin tem bom relacionamento com a cúpula das principais igrejas desde que era governador e agora procurar fazer a ponte para reaproximar Lula dos evangélicos. Além disso, o ex-tucano vira e mexe se reúne com pastores do "baixo clero" numa padaria do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, transformada numa espécie de escritório da pré-campanha.
Embora ainda esteja sem partido – mas em avançada negociação com o PSB –, Alckmin pode ser fotografado ali toda semana, despachando e ouvindo sugestões para a confecção de um programa de governo.
"Eu sempre vi o Alckmin como um líder importante, mas esse casamento de jacaré com cobra d'água vai fazer com que ele passe toda a campanha se explicando para o eleitorado", disse o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, numa referência à aliança com Lula. "Os dois se atacaram a vida inteira e agora vão virar uma chapa? Isso não dá certo."
Sóstenes é ligado ao pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que apoia Bolsonaro. O deputado assumiu o comando da bancada evangélica no último dia 9, após um racha envolvendo justamente as duas alas da Assembleia de Deus. De um lado estava o Ministério de Madureira e, de outro, a Vitória em Cristo, representada por Malafaia.
A disputa ocorreu por causa da presidência da Frente Parlamentar Evangélica. Após muitas divergências, porém, o deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP), aliado de Samuel Ferreira, deixou o comando da bancada, que reúne quase 200 deputados, e passou o bastão para Sóstenes. Ainda nesta quarta-feira, 16, Sóstenes conseguiu emplacar na direção da frente dois escudeiros do presidente: Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "03", e o amigo Hélio Lopes (PSL-RJ).
Cezinha tem dito que não há qualquer divergência e reafirma o aval a Bolsonaro. Nessa guerra santa, porém, as desconfianças ganham corpo nos bastidores. Além das desavenças na cúpula da Assembleia de Deus, líderes da Universal do Reino de Deus também estão divididos. No Republicanos, partido ligado à Universal, uma ala quer aderir à campanha de Lula, principalmente no Nordeste, enquanto outra se move em direção ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos).
É nesse ambiente que Bolsonaro convocou o encontro com os principais líderes evangélicos do País para tirar uma foto que demonstre união. "O presidente vai prestar contas dos três anos de mandato a um segmento que sempre foi muito leal a ele", observou Sóstenes. "Vejo com bons olhos essa atitude, neste ano eleitoral."
No mês passado, o bispo Abner Ferreira – irmão de Samuel, procurado por Alckmin – alimentou queixas do grupo de Malafaia ao dizer que nenhum candidato a presidente será "demonizado" pela Assembleia de Deus.
"Nenhum pastor tem direito de dizer 'Esse é de Deus e esse é do diabo'. E eu descobri que Deus e o diabo estão em todos os partidos", afirmou Abner, em entrevista. De lá para cá, a briga só piorou.
Por Estadão Conteúdo.
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