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Opinião: Comprar dispositivos elétricos nacionais ou importados, eis a questão

       



Marcelo Mendes*

 

A escolha entre produtos importados e nacionais pode ser uma decisão extremamente importante no setor eletroeletrônico. Em geral as empresas analisam os fatores como valor, custo-benefício, prazo de entrega, apoio à economia local e mais recentemente a contribuição à sustentabilidade. Mas a decisão ideal pode envolver a avaliação dos prós e contras em função das prioridades de cada um em determinado segmento de mercado.

No total, hoje em dia, existe sobre a importação sete tributos. São eles o II (Imposto sobre Importação), naturalmente, além do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), ISS (Imposto Sobre Serviços) e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Os produtos nacionais não estão sujeitos a taxas de importação e consequentemente não exigem os complexos trâmites de internalização, além de, normalmente, apresentarem fretes mais acessíveis. Mesmo no caso de empresas com mais experiência em artigos importados e até para o profissional de comércio exterior mais experiente, os tributos e artigos estrangeiros podem ser complexos e até às vezes confundí-lo com tantos detalhes.  

O imposto com taxação de compras internacionais foi estabelecido deliberadamente para proteger a indústria de transformação brasileira. Ao escolher produtos exclusivamente importados em vez dos nacionais, este tipo de aquisição pode aos poucos enfraquecer a indústria local, e por consequência reduzir empregos e afetar a economia do país, privilegiando a geração de empregos em outros países e incentivando sua economia.

No mundo empresarial, a facilidade de manutenção é um indicativo muito relevante para entender porque um produto nacional quase sempre é mais indicado para a maioria das decisões de compras industriais. Encontrar todas as peças ou componentes de reposição com facilidade e rapidez no mercado doméstico é mais uma conveniência dos ‘brasileirinhos’, ou seja, fica mais fácil desta forma a troca de itens, evitando a paralisação do trabalho e consequentemente as perdas no faturamento por causa da espera.

A certificação de garantia é outro ‘porto seguro’ nas aquisições domésticas. Produtos importados, em caso de defeitos, nem sempre têm assistência técnica e garantia local, dificultando a reparação ou substituição. O comprador sabe que pode contar na mercadoria nacional com esses recursos a qualquer momento, o que lhe dá mais segurança seja em que situação ele se encontrar.  

Por causa da logística internacional e dos trâmites alfandegários, as importações levam mais tempo para serem entregues. Sem falar que hoje os conflitos internacionais e dificuldades de navegação em áreas de guerra como o Canal de Suez também são situações que complicam muito o comércio internacional.

As durações maiores das viagens internacionais aumentam os custos das mercadorias, e esses impactam no preço do produto final. Sem contar que o transporte de mercadorias de outros países mais distantes gera maior emissão de gases poluentes. De acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO) o transporte marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões globais de CO2.

Segundo especialistas em tranding, um exemplo de cenário sobre a vantagem de uma empresa escolher a compra de um produto eletroeletrônico nacional foi o da pandemia de covid-19. Em razão das limitações mundiais de comércio e da interrupção das cadeias de abastecimento, um grande número de países sofreu com a falta de componentes eletrônicos e atrasos na produção.

O Brasil, no entanto, comprovou naquele período sua eficiência, porque inúmeras de suas empresas eletroeletrônicas conseguiram sustentar as operações e atender a demanda interna por aparelhos eletrônicos, entre os quais, equipamentos médicos como respiradores, monitores e outros dispositivos importantes para enfrentar a pandemia e garantir o fornecimento aos hospitais.

E a partir do crescimento do trabalho à distância, a procura por computadores, notebooks e outros eletrônicos aumentou bastante. Por seu lado, a indústria nacional conseguiu atender a demanda, sem a necessidade de grandes importações de emergência.

Afora isso, a menor dependência a importações garantiu um fornecimento mais constante, mesmo diante de uma crise mundial. A eficiência da produção local também permitiu uma resposta mais rápida às necessidades do mercado interno, que não podia esperar muito tempo pelo fornecimento do exterior, dada a situação crítica.

A pandemia demostrou o valor de uma indústria nacional forte e diversificada, capaz de atender às necessidades em períodos de crise. Não temos atualmente problemas críticos de fenômenos atmosféricos, mas como seria se sofrêssemos um evento climático de grandes proporções e no período de reconstrução ainda tivéssemos, que esperar um longo prazo pela vinda do exterior de postes, cabos, braços cruzados, isoladores, luminárias, condutores, transformadores ou conectores? Os produtos nacionais garantem sempre maior segurança e autonomia.

 

* Marcelo Mendes é gerente geral da KRJ Conexões ( https://krj.com.br/ ). É economista e executivo de marketing e vendas do setor eletroeletrônico há mais de 15 anos, com atuação inclusive em vários mercados internacionais.

 

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